11 de abril de 2011

Só enquanto eu respirar.



Mais uma noite, super produção, telefone tocando sem parar, um convite para sair. "Vamos beber alguma coisa?". Eu digo sim, e vou parar naquele bar que fomos no dia que percebi que era você mesmo que eu queria. A mesma banda toca, sento na mesma mesa, puxo as mesmas conversas, mas não é você do outro lado. Não tem você dançando, me abraçando e cantando pra mim. Ele faz o mesmo, mas não o enxergo. Só enxergo a ausência de você naquele lugar que outrora viu uma garota iluminar-se ao olha-lo.

Vou embora, ele me pergunta quando vamos nos ver de novo, do jeito que você fazia, mas não é a sua carinha banal de garoto com sede de vida que eu vejo. Eu respondo a ele que qualquer dia a gente se liga, mas eu não vou ligar, na verdade não tenho a intenção de vê-lo. E me dá saudade ao lembrar que quando você me perguntava isso eu dizia: "pode ser agora? Dá uma volta no quarteirão e volta, você eu veria todo dia". E você sorria, eu sorria, e a gente se beijava de novo e ficava mais algumas horas tentando se despedir. Outro dia senti falta das noites de filme na sua casa, com você no meu colo e eu repleta de paz por dentro, como se finalmente eu tivesse encontrado o meu lugar no mundo.


Então tentei repetir a cena, com outro personagem. Quanto mais eu tentava encontrar meu lugar naquele colo, mais incomodada eu ficava. O filme era chato, o colo não era o seu, a pessoa não era você. Na metade do filme desisti, fui embora. Deixei mais alguém sem entender o que tinha feito de errado, quando na verdade a errada era eu. Ando errada sem você, porque não me acostumo com outras pessoas no seu lugar. No lugar que eu dei a você. Porque antes de você, eu era feliz sozinha, e agora é dificil continuar sabendo que tem alguém como você no mundo, e que não está mais comigo.

Numa dessas noites conheci um cara que tinha uma jaqueta igual a sua, aquela que te deixava com tanta cara de homem que eu sentia um orgulho besta de ser a garota ao seu lado. Fiquei paralisada olhando para a jaqueta, lembrando de como eu gostava de te ver com ela, então o cara se aproximou, e acabou o encanto, olhei triste pra ele e fui embora. Não era você. Num ultimo ato dessa minha mania de me apegar a suas coisas, comprei seu perfume, aquele que fazia com que eu me sentisse em queda livre e dei para alguém que parecia mesmo querer ocupar o seu lugar. Mas não deu certo, eu poderia acabar com o vidro nele que não conseguiria sentir o mesmo que sentia com você. Tens razão, não é o perfume em si, é a sua pele e a minha vontade de tê-la na minha.

Quanto mais tento ficar com outras pessoas, mais eu sinto o fato de nenhuma delas ser você. Eu posso tentar repetir as cenas, as conversas, o cheiro, mas nada me completa. Sinto falta do gosto de vida que eu sentia quando estava com você. De me olhar no espelho e ver a luz dos meus olhos, de me sentir meu corpo se agitar ao ouvir o barulho do seu carro em frente a minha casa. Você era meu cheiro de mar no meio da selva de pedra, minha vontade de voltar no tempo, e de sentir algo que eu nunca tinha sentido com ninguém antes de você: A vontade de ser a garota de alguém.

Eu saio todos os dias, me divirto, bebo, danço, conheço novas pessoas, ganho elogios, pessoas querendo me dar colo, e acho que estou bem. Que nem sinto mais sua falta, mas ai no meio da noite algo acontece e eu quero virar e te contar para você soltar aquela gargalhada que toma conta de todo o lugar. Mas você não está la. Então eu desisto, e volto pra casa e escrevo sobre a falta que não tenho coragem de te dizer que sinto. Mas eu sinto. E dói as vezes.



Essa escritora que me deixou sem palavras. Remexeu o acorde das lembranças, esquecidas, entre os cantos (tantos devaneios), abandonadas. Doeu ler, sentir essa nostalgia descomunal. Falta aqui dentro ainda, pedaços partidos. Tão incompletos, chega a dar pena.




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